domingo, 28 de dezembro de 2008

ONDE TUDO SE FUNDAMENTA

A música está ligada ao ser humano desde muito cedo, desde a concepção intra-uterina podemos dizer que o feto é estimulado por meios musicais. Ele ouve os batimentos cardíacos da mamãe, a voz do papai entre outros sons. E comprovadamente, ao nascer, quando o bebê é colocado próximo ao peito da mãe ele se acalma ao ouvir os batimentos. Quando a mãe estimula também a música, cantando durante a gravidez, ao nascer o bebê também se acalmará com músicas de acalanto.
FARIA (2001), enfatiza que a música é um importante fator na aprendizagem, pois a criança desde pequena já ouve música, a qual muitas vezes é cantada pela mãe ao dormir, conhecida como ‘cantiga de ninar’. Na aprendizagem a música é muito importante, pois o aluno se encontra em convívio com ela desde muito pequeno.
Brincando e cantando podemos trabalhar conceitos básicos de cidadania, organização, socialização e auto-estima, entre outros. É importante que se saiba o quanto a música é fundamental para o desenvolvimento geral da criança e assim, indispensável na educação desde muito cedo, pois ela ajuda a desenvolver a auto-estima, a auto-confiança, a sensibilidade, a criatividade, o raciocínio, a memória, a comunicação, a expressão, a socialização, entre outros.
A música não complementa o restante da educação, ela tem como objetivo abranger o ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz, ou seja, sua totalidade. E através da utilização da música seria mais fácil atingir a esta meta, uma vez que, comprovadamente a música leva o indivíduo a agir, em sua ampla complexidade. A música atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.
É essencial que os professores se reconheçam como sujeitos mediadores e protagonistas da cultura dentro do processo educativo e percebam a importância do aprendizado das artes no desenvolvimento e na formação das crianças como pessoas produtoras e reprodutoras de cultura. Só assim poderão buscar, conhecer e distinguir todos os meios que têm em mãos para criar, ao seu modo, situações de aprendizagem que dêem condições às crianças de estabelecer conhecimentos sobre música.
STEFANI (1987) descreve que a música afeta as emoções, pois as pessoas vivem mergulhadas em um oceano de sons. Em qualquer lugar e qualquer hora respira-se a música, mesmo que inconscientemente. A música faz com que as pessoas sintam algo diferente, se ela proporciona sentimentos, anseios e emoções, pode-se dizer que tais manifestações que seja de alegria, melancolia, violência, sensualidade, calma e assim por diante, são experiências da vida que constituem um fator importantíssimo na formação do caráter do indivíduo.
A música pode proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas.
Segundo GAINZA (1988), a música é um componente de fundamental importância, pois movimenta, mobiliza e por isso contribui para a transformação e o desenvolvimento.
No trabalho de musicoterapia a música é, basicamente, um meio para se chegar ao fim. Através dela alcançamos objetivos específicos como a melhoria da linguagem, coordenação, percepção, comunicação etc.
Em um processo musicoterápico, a grosso modo, existem duas linhas: a perceptiva que trabalha mais efetivamente com a audição musical e a outra, denominada ativa ou interativa onde todas as formas musicais são utilizadas tais como a execução dos instrumentos, o canto, a composição, a dança, a sonorização de histórias etc.
Para cada objetivo terapêutico, há um determinado estímulo sonoro. Cada caso é estudado detidamente e os resultados são sempre positivos.
No desenvolvimento do trabalho todos os tipos de música são utilizados: populares, clássicas, cantigas de roda, gravadas ou tocadas ao vivo, e mais uma gama de instrumentos musicais e de percussão e que vão sendo acionadas conforme o interesse e necessidade da criança.
A variedade do repertório à disposição da criança é fundamental, mas sempre com linguagem, tonalidade musical e conteúdos adequados. É sempre importante, também, que o material possua uma ótima qualidade de gravação para que a criança possa ouvir e entender perfeitamente o que está sendo cantado.
Conforme DUCORNEAU (1984), o primeiro passo para que a criança aprenda a escutar bem consiste em aceitar que ela faça experiências sonoras com as qualidades do som como o timbre, a altura e a intensidade, depois disso, estará em posição de escuta.
Resgatar cantigas, principalmente as músicas das brincadeiras infantis, é saudável e permite que se cante e brinque com a criança vivenciando a música com todo o corpo.
No trabalho com música é importante que seja visado a profilaxia e a integração do ser humano. Profilático porque contribui para o desenvolvimento psicológico mais saudável da criança. Integrativo porque podemos nos aprofundar na natureza infantil, trabalhando todos os sentidos da criança, desde seu comportamento até sua criatividade.
Através da música, é possível desenvolver trabalhos com crianças que são muito agressivas ou muito tímidas ou, ainda, aquela criança que tem tudo, mas acha que tudo é descartável, não se relaciona bem com nada, não tolera frustrações e tem dificuldades de manter regras e limites, crianças com dificuldades de socialização. Há, também, a criança com dificuldade escolar, que não consegue escrever ou fazer cálculos, fatos que encontramos corriqueiramente em nosso dia-a-dia, com dificuldades de aprendizagem. A partir da música, consegue-se abrir o diálogo e alcançar os objetivos.
A música é algo constante na vida das pessoas, pode-se comprovar isto, em todos os registros históricos da trajetória do homem.
As cantigas de roda, que conseqüentemente está relacionada à dança, por exemplo, são muito valiosas, a criança gosta de cantar, imitar, gesticular, e quanto mais o movimento se aproximar de sua natureza interior, melhor será o benefício.

As crianças sabem que se dança música, isto é, que a dança está associada à música, e geralmente sentem grande prazer em dançar. Se os professores levarem isso em conta e considerarem como ponto de partida o repertório atual de sua classe (os das crianças e o próprio) e puderem expandir este repertório comum com o repertório do seu grupo cultural e de outros grupos, criando situações em que as crianças possam dançar, certamente estarão contribuindo significativamente para a formação das crianças. (ESTEVÃO, 2002, p. 33)

Podemos reconhecer a importância da música também na fonoaudiologia apesar de não existir nenhuma técnica que se use música ainda nesta área, mas ela é um grande facilitador. A música, de uma forma geral, auxilia o profissional da comunicação na parte do ritmo, da melodia, pois a fala tem sua prosódia e isso é trabalhado com a criança através de diferentes atividades musicais. A seqüência da música faz com que a criança se reorganize enquanto está cantando o que é muito importante já que melhora a comunicação.
Nas escolas infantis a música é, fundamentalmente, um meio para a criança adquirir determinadas competências.
FARIA (2001), destaca que:
“A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação” (p.24).

Enquanto a criança aprende Ciências ela está adquirindo aptidão à pesquisa, está desenvolvendo capacidades ligadas àquela área, como a Matemática que desenvolve o raciocínio lógico.
Com a música, desenvolve-se a sensibilidade, a percepção, a observação, a atenção, a memória auditiva e é este conjunto de habilidades que fica na cabeça do indivíduo, que o capacita a empregá-lo em qualquer profissão que venha a exercer.
Um estilo musical também é um veículo, pois quando trabalhamos com folclore, por exemplo, estamos transmitindo para as crianças as nossas heranças, preservando, resgatando, fazendo com que elas adquiram respeito pela cultura do seu povo.
A atividade de música folclórica é das mais apreciadas e, especificamente, os brinquedos cantados, as músicas em fileiras como a “De marre de si” ou a da “Rosa Juvenil” que podem ser dramatizadas. Tem-se ainda a parte de “trava-línguas” (Um tigre, dois tigres, três tigres), a parte de “parlendas folclóricas” (Hoje é domingo, pé de cachimbo...), a parte de “folguedos” (Bumba meu boi) e “reizados”. È comum, ainda, a utilização de músicas ligadas a temas; se a pré-escola trabalha com o tema “aves”, por exemplo, utilizam-se músicas que falem de aves.
Trabalha-se o ritmo com coisas do dia-a-dia, batendo palmas, pés, batendo com a colher na hora da comida enquanto se canta uma música específica.
Os resultados da utilização da música são sentidos desde o berçário. Os bebês precisam de estímulo e a música é uma grande fonte com seus ritmos, balanço, sons, que fazem com que o bebê fique mais atento. Quando os pequenos observam os maiorzinhos pulando e cantando juntos, já começam a responder. Um bebê de seis meses começa a dançar do jeito dele, sentado na cadeirinha batendo os pés e as mãos, mostrando que está interagindo com o que está acontecendo.
É fundamental a utilização da música na escola, pois ela trabalha os conteúdos de uma forma lúdica, permite a fantasia, faz entrar em contato com as sensações, facilita o alcance dos objetivos com resultados altamente satisfatórios.
A música é algo que envolve principalmente as crianças pequenas e os resultados são sempre muito positivos quando bem trabalhada.
A música é universal e através dela é possível unir pessoas de vários países, culturas, e filosofias diferentes, pois ela mexe com o lado simbólico e afetivo das pessoas.
A magia do mundo infantil, a transparência da criança, sua inocência, espírito de curiosidade e criatividade precisam e devem ser estimulados e preservados, enquanto dura essa fase especial e efêmera que é a infância e para que, quando adulta, tenha sua sensibilidade revitalizada com a gratificante lembrança de tantos sonhos infantis.
A música é tida como um universo que conjuga expressão de sentimentos, idéias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive. Ela atende diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional e espiritual, e assim pode ser considerada um facilitador do processo educacional. Nesse sentido é importante a sensibilização dos professores para despertar a conscientização quanto às possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento das potencialidades dos alunos, pois ela está diretamente ligada ao corpo, à mente e às emoções.
A presença da música na educação infantil auxilia a percepção, estimula a inteligência e a memória, ajuda também a desenvolver procedimentos que ajudam o educando a se reconhecer e a se orientar melhor no mundo relacionando-se ainda com habilidades lingüísticas e lógico-matemáticas. Além disso, a música também vem sendo utilizada como fator de bem estar no trabalho e em diversas atividades terapêuticas, como elemento auxiliar na manutenção e recuperação da saúde.
Porém como já foi dito anteriormente, a música é uma arte que vem sendo utilizada de forma equivocada, e deve ser retomada nas escolas em sua cientificidade, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global, emotivo com o mundo. Na sala de aula, ela poderá auxiliar de forma significativa na aprendizagem.Enfim, a música é um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula.
O PRÓXIMO TÓPICO SERÁ SOBRE:
- A Expressão Musical para Crianças da Educação Infantil

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A MÚSICA COMO INSTRUMENTO FACILITADOR


"Nenhuma outra disciplina pode servir ao bem estar da criança - físico e espiritual - tanto quanto a música".
Zoltan Kodály.




A música é uma das expressões artísticas mais antigas da humanidade. Por meio dela nos expressamos, nos comunicamos e interagimos com o mundo. A música fala aos nossos corações, permea nossa emoção e, consideramos que a forma mais efetiva de educação é através da vivência emocional. A música na educação infantil tem múltiplas possibilidades: recrear, desenvolver na criança o gosto e a sensibilidade pela arte, facilitar a socialização, a coordenação motora, o raciocínio lógico, a linguagem verbal, a linguagem do corpo, a identificação da realidade e a interação com o ambiente, estimulando a lateralidade, o reconhecimento das cores, dos números etc.
Segundo o psicólogo Howard Gardner (1995), a música é uma das dimensões da inteligência humana, e esta traz benefícios ao aprendizado na infância, como: desenvolvimento da coordenação motora, da capacidade de concentração, do raciocínio lógico e da criatividade, entre outros.
O RCNEI (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil) afirma que a música é: “[...] uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na Educação Infantil, particularmente” (BRASIL, 1998, v 3, p. 45).
Escolhi este tema para minha monografia que defendi em Setembro deste ano, e ele emergiu das minhas vivências pessoais, através das minhas filhas, que diariamente, desde o ventre, conviviam com as músicas que foram mencionadas neste trabalho, e também de muitas observações feitas em sala de aula no curso de Pedagogia e nos estágios, que me fizeram perceber a importância da música no desenvolvimento do ser e que esta não deve ser entendida como um simples complemento das horas ociosas em sala de aula.
Pouca gente percebe que a educação musical é algo que não precisa de justificativa e isto fica bem claro na citação de Villa-Lobos em que diz: “é preciso musicalizar o povo. Todos gostam de uma partida de futebol ou de um convescote. Então devemos suscitar o mesmo entusiasmo pela música. A música é tão útil como o pão e a água”.
Com a nova da LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9394/96 (anexo 1), foi possível o retorno da Educação Musical ao currículo escolar, reiterando a obrigatoriedade do ensino de Artes por área específica. “O ensino de arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (Lei 9394/96, Artigo 26, § 2°).
Este retorno da Educação Musical ao contexto escolar de forma objetiva está se fazendo gradativamente, e ainda muito precisa ser feito. O êxito da área de música depende da ocupação dos espaços dentro das disciplinas, principalmente de Artes, por profissionais habilitados ou minimamente capacitados na linguagem musical.
Acredito que o processo de musicalização deve iniciar-se na escola, pois “(...) sendo a Escola a instituição responsável pela formação cultural da criança, cabe a ela também proporcionar esse conhecimento (...)” (SILVA, 1992, p. 92)
Em breve trarei partes do meu estudo, como: memórias da origem da música no indivíduo e os benefícios que esta traz às pessoas, seu significado na educação das crianças e a música no desenvolvimento cognitivo. Também postarei aqui um pouco sobre as músicas trabalhadas com crianças em sala de aula. E abordagens sobre a música, o processo de musicalização e o verdadeiro papel desta na educação. E por fim, para encerrar as postagens sobre este tema, apresentarei as contribuições das inteligências múltiplas de Gardner (1995), a integração do ser através da música, a importância da expressão musical e os subsídios pedagógicos da música.
Pretendo apresentar a música e seu processo de musicalização como elementos contribuintes para o desenvolvimento da inteligência e a integração do ser. Mostraremos como a musicalização com crianças pode contribuir para a aprendizagem, como também trazer sugestões de atividades e analisar o papel da música na educação como facilitadora do processo de aprendizagem.


Conto com a reflexão e sugestões de todos!!!